segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A linha do tempo

Mais uma vez volto a falar deste tema: o tempo.
Eliane Brum, na revista Época, fez uma breve reflexão sobre a correria sem destino. Mais uma vez, parei no tempo , refleti e quero compartilhar  com você alguns trechos da coluna da Elaine Brum:
"Tudo ao meu redor marca a passagem do tempo, do celular ao forno de micro-ondas. As horas estão por toda parte, mesmo que eu não as queira. O tempo e as máquinas do tempo converteram-se em mercadoria ordinária."
"Tantas marcações por todos os lados e o tempo se esvai como se fosse barato como um relógio de camelô."
"O tempo é tudo o que há entre a vida e a morte." 
"Só não conseguimos escapar da morte,mas podemos morrer em vida se entregamos nosso tempo.Talvez não exista nada mais importante do que pensar sobre o que você quer fazer com o tempo que é seu.Porque se não tem tempo para o que é importante para você, para as pessoas importantes para você,por alguma razão,em algum momento,você decidiu se desapossar de você." 
Eu vivo em Nashville,US, uma cidade linda,onde me sobra muito tempo. Sinto falta do tempo útil que vivia  no Rio de Janeiro. Lá me faltava o tempo,aqui me falta a utilidade da vida.
Preciso reaprender a ser feliz com o tempo que ainda me resta.
Do relógio, só quero a lembrança da infância, admirando o Cuco no relógio ,marcando as horas exatas na casa da vizinha. Tempo em que admirar o tempo era delicioso!

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Comunicação,tecnologia e afeto

Era tecnológica! Telefone,celular, computador, orkut,messenger,facebook, skype entre muitos recursos para você manter viva a comunicação.Facilitar os contatos.
Contatos? Que contatos? Você liga para o celular de alguém e vem a mensagem :"No momento não posso atender.Deixe seu recado..."e blá,blá,blá. Tá,o cara pode mesmo estar ocupado,ou não sabe onde deixou o celular ( como acontece comigo),mas por que não retorna mais tarde?Por que ve o seu número no celular,ou uma chamada perdida e não verifica?No computador,seja no messenger ou em site de relacionamentos,põe "ocupado". Você pode ,realmente,estar ocupado,mas também pode mudar seu status antes de abrir.No mínimo, dizer ,ao ser chamado:" Já falo com você.Estou falando com o Bin Laden,agora."Aí ,cabe a você esperar , chamar outra hora ou deixar uma mensagem.
Eu costumava deixar off ,porque eu pensava que tinha muitos contatos.Sim,eu tenho uma lista de nomes.Nomes que pedem para serem adicionados,mas que nunca falam com você.Ou seja,contatos que não contactam.
A desculpa que eu ouvia era: "Você está sempre off."
Ok. Deixei 48 horas on line.Recebi alguns contatos,que mesmo não tendo resposta,deixaram mensagem.Dá até pra dizer os nomes: Silvia e Alexandre.Sempre deixam.São ocupados,mas sempre arrumam um tempo.
Porque ,se  você não arruma um tempo, pode não ter tempo depois.
Não posso esquecer da minha nora,que sempre deixa recados amorosos no orkut e do meu caçula que quase grita no MSN:"Mãe,você está aí?" Aliás, no orkut tem uma meia dúzia de visitantes frequentes que me fazem lembrar que eu não fui totalmente esquecida.
Algumas pessoas queridas estão impedidas de se comunicar.Não,elas não moram na China,no Chile ou em alguma nação vigiada. Apenas fizeram uma má escolha,na hora de casar  e, agora ,ficam alienadas,impedidas de terem vida própria,de terem opinião.Cada um com suas escolhas.
E nisso tudo,eu pergunto: Onde fica o afeto nas relações?As pessoas estão sempre com pressa,sem tempo.
Eu sou do tempo em que se namorava por correspondência.Papel de carta mesmo.Nada  de eletrônico.Agora, fazem até sexo pela internet.
Depois,as crianças nascem alienadas e ninguém sabe a razão.
Aí vem a pergunta:
_Já beijou seu filho hoje?

terça-feira, 7 de setembro de 2010

O sentido da Independência

Muitos estão comemorando,hoje, o aniversário da independência do Brasil.Mas desde o dia 4 de julho,quando estive num culto em homenagem a indepêndência dos Estados Unidos, esse significado de independência e liberdade não sai da minha mente.
Brasileiros e americanos são livres.Podem expressar suas idéias,acessar a internet, usar celulares, terem os filhos que quiserem ,além do direito de ir e vir.Muitos países ,no mundo, vivem em guerra,combatendo países vizinhos, ou mesmo em guerras internas.
Isso me fez refletir e agradecer a Deus as oportunidades que tive neste mundo.
Mas continuei refletindo e observando.Algumas pessoas são escravas do preconceito.Porque pensam assim ou porque sofrem discriminação. Outras, são escravas das relações; subjugadas aos maridos,ou filhos,ou chefes,ou quem quer que seja a quem deram o direito de decidir o que vão fazer nas suas vidas.
Obrigada,Deus! Mais uma vez eu reconheço que o senhor foi muito generoso comigo e me deu as oportunidades e armas certas para lutar pela minha felicidade.
Eu sou feliz,eu sou independente!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sangrando

Lá fora, as folhas se agitam com o vento
E as pequenas gotas de chuva outonal.
Aqui dentro, um turbillhão de sentimentos
causam um desequilíbrio infernal.

Lá fora,esmaecem as cores primaveris
e começam a surgir tons de marrom.
Aqui dentro, os velhos tormentos febris
reaparecem ,tendo a palidez como tom.

Saudades dos dias ensolarados,
do brilho no olhar,
agora tão embaçado
e tão cansado de chorar.

Lamúrias geram lamúrias,
Alguns dizem pra me reanimar.
Eu reflito, oro, acredito,
pois só Deus pra me consolar!

Outros falam em livre arbítrio,
falam também em desapegar,
Acho tudo lindo e pratico,
mas volto a desanimar.

É a idade,a solidão,
a menopausa dizem alguns.
É a tecla pausa,na minha vida,
Sangrando meu coração.

Cansei de ser forte,
Cansei de ser solução.
Não penso na morte,
Mas na reinvenção.

Preciso reinventar a vida.
Achar um objetivo meu.
Ser menos altruísta,
Descobrir quem sou eu.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

Prazer,felicidade e chocolate

Minha amiga americana,agora morando no Brasil,me mandou um vídeo de um monge budista sobre a diferença entre prazer e felicidade.Achei ótimo.
Você tem prazer ao comer chocolate,mas esse prazer é fugaz, por tanto não é a verdadeira felicidade.Felicidade você constrói dentro de você e independe dos outros. A razão da sua felicidade tem que estar em você.E é contínua.
Num programa sobre comportamento,um psicoterapeuta  afirmou que você associa alimento a sensação de prazer desde quando a mãe  amamenta o bebê.E daí,quando você se sente triste, você se abastece de comida,entre elas o chocolate.
Muitas pessoas substituem o prazer sexual pelo prazer de comer.
Parei pra pensar na minha súbita paixão pela culinária.Estaria ela relacionada ao prazer pelos jogos preliminares que antecedem ao ato sexual?Pode ser. O colorido,o cheiro, a textura dos alimentos pode estar substituindo (temporariamente,eu espero) o tal príncipe encantado,ainda não encontrado por estas terras,onde cumpro meu exílio.
Então,por um momento de prazer, fui assistir ao filme da Julia Robert: "Comer, rezar e amar".Já havia lido o livro,que achei um tédio.Mas as vezes,a linguagem do cinema pode ser mais empolgante.Engano.
O que sobrou dessa ida ao cinema foi ver,retratada na tela, o que mais dilacera minha alma: a saudade do Brasil. As músicas brasileiras,embalando  a história de amor com um pseudo brasileiro,quase me fizeram chorar. O "galã",que de brasileiro não tinha nada,fez um bom esforço para retratar essa alma latina.
Saí do cinema com a vontade  louca de pegar o primeiro avião,pousar no Rio de Janeiro e "dar um pega"no primeiro carioca disponível.
Agora,fica  um alerta: se a propaganda é a alma do negócio,corram amigas ,pois o homem brasileiro  virou produto de cobiça internacional.
Eu vou ficar ,por aqui ,comendo minha barra de chocolate.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Atração fatal

Ainda estou zonza. Nem acredito que levei uma cantada ontem,aqui no US. Como boa carioca,para alguns carioca boa, cantada deveria ser algo muito corriqueiro na minha vida.Era, até eu me mudar pra cá,pro US.
Aqui no US,não existe paquera,pelo menos em Nashville. Você conhece um cidadão na creche,na escola,na igreja ,no trabalho ou alguém apresenta você. Na balada,talvez,mas não é confiável.Fora isso, pode se considerar encalhada.
Eu já estava até desenvolvendo um processo de baixa estima. Ninguém vira o pescoço pra olhar quando você passa. Não existe abordagem. Eles tem medo de processo.
Você passa a se achar a pessoa mais feia e insignificante do planeta.Até invisível!
Mas, ontem, foi diferente. Eu estava tentando lidar com um novo aparador de grama,antes que desabasse um temporal,quando um carro parou junto a mim. Um homem belo e sorridente ,e não desconhecido, elogiou o meu esforço,num inglês que eu entendia. Lembrei de onde o conhecia: da igreja e da escola da minha neta. Claro!
Perguntou de onde eu era e me disse que era da Colombia.Não sei porque ,eu achava que ele era árabe.E num bom Português falou que já havia morado em Manaus. Papo vem,papo vai,perguntou pelo meu marido. Ao saber que não havia um,abriu um largo sorriso. Isso é um tipo de pergunta que não fazem aqui. Só mesmo entre latinos.Senti-me na liberdade  de perguntar pela esposa dele.Surpresa! Ele tinha uma! E ainda acrescentou que estava querendo outra. Imagine! Revidei que ele não era árabe para querer um harém.
Tentei por um fim na conversa e, ao me despedir,ele acariciou a minha mão.Um escândalo isso,aqui, nesta terra! E ainda disse que eu era muito "hermosa"(formosa em espanhol).
Nem sei descrever o que senti. Alegre,talvez,por me sentir viva.Irritada pelo descaramento dele.Embaraçada por ele trabalhar na escola da minha neta. Revoltada porque homem só muda o CEP.No fim ,é tudo igual.
Por que o título é atração fatal? Porque numa terra em que não existem garis,um "janitor"( pronuncia-se jenitor) ou zelador de escola sentiu-se atraído por mim,como acontecia no Rio.Velhos tempos.
Eu devo exercer uma atração fatal em homens que empunham vassouras. Seria  uma "paródia"do príncipe encantado e sua espada?
Homens!

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Vida americana

Decididamente,United States of America não é a minha praia.E onde moro,nem praia tem. A última vez que vi água em abundância,na natureza,foi na enchente de maio,no Tennessee.
Mas tem coisas bem interessantes,devido a cultura da praticidade. Nisso,o Brasil perde de longe.Haja visto que a gerente da minha conta no Itaú resolveu bloquear minha conta porque teve muito movimento.Tive que ligar para aquela agência tupiniquim e responder perguntas cruciais como: A senhora sabe que foi feito um débito de 21 reais na sua conta pela CEG?Ela deve ser alguma alienada.Qual o mistério de ter débito automático da minha própria conta de gás?Mas nem assim ela liberou a minha conta.Os depósitos feitos,no valor do meu salário,creio que para ela se devem a algum tipo de tráfico ou especulação.Só se for tráfico de cultura!
Aqui,se você faz um movimento na sua conta,eles também bloqueiam.Mas basta um telefonema para ficar tudo resolvido,sem precisar comparecer a uma agência e trocar a senha.Aqui,as pessoas tem mais o que fazer!
Li,no orkut de uma amiga que ela não escolheu a vida que ela estava vivendo.Tenho que concordar com ela,apesar de todo conhecimento espiritual que possuo.
E ainda tem gente pensando que viver aqui é um paraíso.Deve ser pra quem tem muita grana e pode pegar um jatinho ,pousar em Cascadura e ir resolver o problema da gerente de TPM.
Mas voltando a modernidade,aqui,no país da praticidade,não existe lixeiro,nem gari. Ontem,  pude observar o "gari mecânico"daqui. Num país onde o lixeiro só passa uma vez por semana e você não ve lixo nas ruas,apesar do consumismo,vale a pena admirar os sinais da civilização.
Gari americano